Terry Marcos Dourado - ABD Comunicação
Com informações da Folha Online
A partir de janeiro, os brasileiros vão poder escrever usando a gramática antiga e a reformulada até 2012. Durante a sessão solene de celebração do centenário da morte do escritor Machado de Assis, realizada pela Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro (RJ), na tarde desta segunda-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que estabelece o cronograma para a vigência do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. "O acordo tem, na verdade, uma importância maior do que pode parecer à primeira vista. Por isso, precisa ser explicado com clareza para os cidadãos desse país", disse o presidente.
Para o presidente, o acordo é um resgate das origens. "Quero destacar o resgate dos nossos laços com a África, principalmente com os países de língua portuguesa. É o reencontro do Brasil com suas raízes mais profundas, um reencontro consigo mesmo" – ratificou Lula. A unificação ortográfica dos países de língua portuguesa é discutida desde 1991, e ntre escritores e gramáticos, não há consenso sobre a reforma.
O acordo entra em vigor a partir de janeiro de 2009, mas as duas normas ortográficas, a atual e a prevista no acordo, poderão ser usadas e aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos até dezembro de 2012. A reforma ortográfica prevê mudanças na Língua Portuguesa, como o fim do trema, a supressão de consoantes mudas, novas regras para o emprego do hífen, inclusão das letras w, k e y ao idioma, além de novas regras de acentuação.
O acordo foi assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, para unificar o registro escrito nos oito países que falam português: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal. A medida, segundo o Ministério da Educação (MEC), deve facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre os países e ampliar a divulgação do idioma e da literatura em Língua Portuguesa.
Veja, a seguir, exemplos das alterações que começam a vigorar em janeiro:
Hífen ( – )
Não vai ser mais usado. Assim, quando o segundo elemento começa com “s” ou “r”, estas consoantes deverão ser duplicadas. Ex.: anti-religioso(hoje) vai passar a ser escrito “antirreligioso”. Assim como “antissemita”, “contrarregra” e “infrassom”, por exemplo.
E quando o prefixo terminar em vogal, e o segundo elemento começar com uma vogal diferente, a exemplo da palavra “extraescolar”, “aeroespacial” e “autoestrada”, também não vai ser usado o hífen.
Mas o hífen ( – ) vai ser mantido nos casos onde os prefixos terminam em “r”, a exemplo de “hiper-“, “inter-“, “super-“. Assim, palavras como “hiper-requintado”, “inter-resistente” e “super-revista” vão continuar usando o hífen.
Trema: (ü)
Pela nova regra ortográfica brasileira, a palavra “tranqüilidade” escrita atualmente, passa ser escrita assim: "tranquilidade", seu o trema (..) em cima da letra “u”. Mesmo deixando de existir, o trema continua valendo apenas para nomes próprios e seus derivados.
Acento Diferenciado ( ´ )
A partir da entrada em vigor da reforma ortográfica da Língua Portuguesa no Brasil, em janeiro de 2009, não se usará mais o acento agudo ( ´ ) para diferenciar significados de palavras com a mesma grafia. Assim, palavras como; pára (flexão do verbo “parar”) e para (preposição) vão ser escritas somente assim: “para”. Outros exemplos: “péla” (flexão do verbo “pelar”) e “pela” (combinação da preposição com o artigo) vira “pela” para ambos os casos. “Pólo” (substantivo) e “polo" (combinação antiga e popular de “por” e “lo”) serão escritas apenas assim: “polo".
As palavras “pélo” (flexão do verbo “pelar”), “pêlo” (substantivo) e “pelo” (combinação da preposição com o artigo) passarão a ser escritas sem qualquer acento, assim: “pelo”, sem qualquer acento diferenciando os significados. Um outro exemplo deste caso são as palavras “pêra” (substantivo para designar o nome de uma fruta), “péra" (substantivo arcaico para designar a palavra “pedra”) e “pera" (preposição arcaica) vão ser escritas, a partir de janeiro, sem qualquer acento, assim: “pera", seja qual for o significado para o qual a palavra estiver sendo usada.
Acento Circunflexo ( ^ )
Este acento não vai mais ser usado nas terceiras pessoas do plural do presente dos modos indicativo e subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler” e “ver” e seus derivados. Assim, as palavras “crêem”, “dêem”, “lêem” e “vêem”, escritas atualmente, vão passar a ser escritas, assim, a partir de janeiro: “creem", “deem", “leem” e “veem".
O acento circunflexo também vai deixar de ser usado nas palavras terminadas em hiato (oo), a exemplo de “vôo” e “enjôo”, que vão passar a ser escritas, assim: “voo" e “enjoo".
Alfabeto
A partir de janeiro de 2009, as letras K, W e Y vão ser oficialmente inseridas no alfabeto da Língua Portuguesa, que passará a ter 26 letras.
Acento Agudo ( ´ )
Não vai mais ser usado nos ditongos abertos “ei” e “oi”, de palavras paroxítonas, a exemplo de “assembléia”, que passa a ser escrita “assembleia"; “idéia” – “ideia"; “heróica” – “heroica"; e “jibóia” – “jiboia".
Nas palavras paroxítinas com “i” e “u” tônicos (falados com mais força), quando vierem precedidos de ditongo, também o acento agudo vai deixar de ser usado, como nas palavras “feiúra” – "feiura" e “baiúca” – “baiuca".
Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q”, e seguido de “e” ou “i”, também vão perder o acento agudo em sua forma escrita, como vai acontecer em algumas poucas formas de verbos como as palavras “averigúe” – “averigue" (do verbo “averiguar”), “apazigúe” – “apazigue" (do verbo apaziguar) e “argúem” – “arguem” (do verbo “argüir”, que vai perder o trema ficando “arguir”).
Grafia (forma de se escrever)
No português lusitano (adotado em Portugal), as letras “c” e “p” vão deixar de existir em palavras onde elas não são pronunciadas, como nas palavras “acção” – “ação”, “acto” – “ato”, “adopção” – “adoção” e “óptimo” – “ótimo”.
Também no português lusitano (adotado em Portugal), a letra “h”, usada atualmente em palavras como “húmido” e “herva”, vão desaparecer e, tais palavras serão grafadas como aqui no Brasil, ou seja, “úmido” e “erva”, por exemplo. Estas são as principais mudanças. Mas atenção! Elas só valem a partir de janeiro de 2009.
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