Terry Marcos Dourado - ABD Comunicação
Por volta das 01h40min da madrugada desta sexta-feira, 9, Cairo Souza Silva, 22, residente na Vila São Pedro, zona leste de Jataí, conhecido no meio LGBT (gay) como a travesti “Marcela”, estava na companhia de seu amigo e colega de residência, Carlos Eduardo Batista, segundo informações, também travesti.
Ambos, vestidos com trajes masculinos, voltavam do trabalho no turno noturno de uma indústria alimentícia quando, ao descerem do ônibus que transportava os funcionários, na Avenida Perimetral próximo ao Lago Presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira (Lago JK), foram abordados por dois rapazes desconhecidos, que estavam em uma moto escura. Segundo informações, sem mais sem menos, eles sacaram revólveres e anunciaram que iriam disparar contra Cairo e Carlos. E cumpriram a ameaça.
Cairo Souza, a travesti Marcela, foi atingido na cabeça. O seu acompanhante, Carlos, conseguiu sair ileso da tentativa de homicídio. Cairo foi socorrido por uma equipe do SAMU e encaminhado ao setor de emergência do Centro Médico Municipal, em estado grave. Algum tempo depois, ele não resistiu aos ferimentos e morreu. Os criminosos ainda não foram identificados. Segundo informações, na mesma noite, um pouco mais cedo, eles teriam parado a moto em frente à residência de Cairo e Carlos e gritado os nomes deles, disparando um tiro e, em seguida, saindo em disparada.
Cairo Souza foi a segunda travesti assassinada só nos primeiros dias de 2009, em Jataí. Na noite de rèveillon, a travesti Kátia (nome de batismo Otacílio “de Tal”), 48 anos, foi assassinada com 14 facadas em seu bar, na Rua Caiapônia, Vila Progresso, na madrugada da quinta-feira, 1º de janeiro. Segundo informações, o crime teria sido cometido pelo namorado da vítima por motívos de fortes ciúmes da própria travesti. As facadas teriam sido dadas diante de amigos e familiares da vítima, vez que todos se encontravam no bar comemorando a passagem de ano. Segundo informações, Kátia já tinha cinco passagens pela polícia por homocídio. O assassino continua foragido da polícia.
Ao contrário do assassinato de “Kátia”, o homicídio que vitimou “Marcela” pode ter razões homofóbicas. Por enquanto, nem a polícia tem alguma pista que justifique o crime. Segundo informações, Cairo/”Marcela”, era uma travesti socializada, de temperamento equilibrado, sem passagens pela polícia e sem envolvimentos em barracos públicos, situações que são raras entre as travestis jataienses que, exceções à parte, se demonstram ser pessoas agressivas, desordeiras, imorais, deseducadas e provocadoras tanto de homens, quanto de mulheres, gays, lésbicas e entre as próprias travestis, principalmente por haver, entre elas, uma forte e imbecil disputa sexual justificada por fatos trágicos em suas vidas pessoais, tais como revolta e ódio causado pelo abandono familiar, envolvimento com o tráfico de drogas, revolta pela não-aceitação de sua orientação sexual e uma forte baixa-estima pessoal. Estas, segundo informações, não seriam estilos de vida de Cairo/”Marcela” e nem de seu acompanhante, Carlos.
Homofobia ou crime passional? Os motivos deste crime representam um grande mistério a ser desvendado, um desafio para a polícia jataiense. Em 14 de junho de 2007, a travesti Marcela (Cairo) participou como candidata ao título “Miss Jataí Gay”, em evento promovido pela Organização Não-Governamental (ONG) Associação Jataiense de Direitos Humanos Nova-Mente (AJDH-NovaMente), no Clube Brasnipo. A travesti “Marcela” foi morta no perímetro do Lago JK, o mesmo local que, em 14 de setembro, serviu de cenário para a II Parada do Orgulho LGBT do Sudoeste Goiano em Jataí, que novamente gritou num coro de mais de 4,5 mil vozes, pelo fim da homofobia.
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