Terry Marcos Dourado, Agência Eldorado
Jataí, GO - Em Goiás, os casos de aids notificados pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, que vinham sofrendo uma queda desde 2004 (quando atingiram o número mais alto desde 1980) tiveram uma redução ainda mais acentuada em 2007. Até novembro último, o Boletim Epidemiológico 2007, divulgado pelo Ministério da Saúde (MS), aponta que a média mensal de casos notificados no Estado pode ter sofrido uma queda de mais de 50% nos seis primeiros meses de 2007.
Em 2005, foram registrados por mês, em média, 68,5 casos. Em 2006, essa proporção caiu para 64,5. E, no ano passado, de 1º de janeiro até 30 de junho, foram registrados 181 casos da doença em Goiás, o que resulta em 30,5 notificações mensais.
Apesar da redução de casos de aids em Goiás, a doença ainda preocupa, pois o índice de mortalidade se mantém estável. A aids continua matando na mesma proporção de anos como 1996, 2002, 2003 e 2006. Entre 1980 e 2006, a doença provocou 2.832 mortes no Estado.
O atual mapa da epidemia da aids no Brasil e chama a atenção pelo crescimento da doença entre homossexuais e bissexuais jovens, ao contrário do que se observa entre os heterossexuais (queda), homossexuais e bissexuais adultos (estabilização) e usuários de drogas injetáveis (redução). Em 1996, dos casos registrados em homens, 29,4% foram em homossexuais/bissexuais; 25,6% em heterossexuais; e 23,6% em usuários de drogas injetáveis (UDI).
Em 2006, o quadro era bem diferente: 42,6% em heterossexuais; 27,6% em homossexuais/bissexuais e 9,3% em UDI. Em mulheres acima de 13 anos, dos casos notificados em 1996, 86,1% foram em heterossexuais e 12,6% em UDI. Em 2006, foram 42,6% em heterossexuais; 27,6% em homossexuais/bissexuais e 9,3% em UDI.
Aids ainda é tabu em Jataí
De acordo com o Centro de Testagem e Aconselhamento em HIV/Aids (CTA) de Jataí, órgão integrante à Secretaria Municipal da Saúde e responsável pelo atendimento, exames e o tratamento dos pacientes portadores do vírus HIV, e por outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), atualmente são cerca de 160 pacientes portadores do vírus HIV em tratamento pelo CTA-Jataí. Destes, 130 são residentes no município.
Com relação ao tratamento de pacientes com aids, o CTA-Jataí mantém um programa de suporte técnico para os postos de saúde, onde o cidadão procura o posto de saúde e, caso seja necessário realizar o exame de HIV, o indivíduo é encaminhado ao Centro Médico Municipal, onde funciona o CTA que presta um serviço de testagem e aconselhamento pré e pós os testes para confirmação da doença. Esse teste pode ser feito espontaneamente por qualquer pessoa. Basta procurar o CTA para coleta do sangue, no horário das 7 às 9 horas, de segunda a sexta-feira.
Após a coleta do sangue, caso o resultado do exame seja positivo, o cidadão será encaminhado diretamente para a médica infectologista que atende no próprio Centro Médico Municipal através do Serviço de Assistência Especializada (SAE). Lamentavelmente, só existe uma profissional da área médico-infectologista disponível a atender a população em Jataí e, segundo o CTA-Jataí, a médica atende todos os casos da Regional Sudoeste de Saúde II, que abrange o nove municípios. A cidade de Rio Verde tem médico infectologista, mas atende outra região.
No passado, a situação era pior, pois antes da vinda de um profissional da medicina especializada em infectologia para Jataí, os pacientes com HIV eram encaminhados para tratamento no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia. Desde agosto de 2005, esta realidade ficou diferente, pois o tratamento passou a ser feito no próprio Centro Médico Municipal de Jataí.
Mas, segundo o CTA-Jataí, ainda existem pessoas em Jataí que preferem ser tratadas em outros municípios, pois temem que a sua condição de soropositivo seja descoberta pela sociedade. No que depender do CTA-Jataí, há a garantia de sigilo absoluto, mas há sempre o receio da parte de alguns pacientes com HIV em terem sua condição descoberta e comentada pelas pessoas.
Vale ressaltar que nem todas as pessoas que procuram ser atendidas por um médico infectologista são portadores do vírus HIV, o vírus da aids. Este profissional da medicina também cuida de outros tipos de DSTs, doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a sífilis e as hepatites tipo B e C. Todos os exames realizados pelo CTA-Jataí são gratuitos e feitos sob absoluto sigilo. Somente o paciente tem acesso ao resultado do exame.
Com relação à distribuição de medicamentos para portadores do vírus HIV em Jataí, o CTA afirma que, vez ou outra, acontece de faltar algum medicamento, mas garante que os componentes do “coquetel antiaids” nunca faltaram nos últimos três anos.
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