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13 de jan. de 2008

Medo da febre amarela ainda superlota postos de saúde em Jataí

Terry Marcos Dourado
Agência Eldorado
, com informações da Tribuna do Sudoeste (Edição 130); da Secretaria Municipal da Saúde de Jataí e da Secretaria Estadual da Saúde.

Jataí, GO - Em Jataí, assuntos como as denúncias envolvendo a Administração Municipal saíram de cena e deram lugar à uma preocupação quase obsessiva com a febre amarela. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde o número de cidades em área de risco da patologia subiu para mais de 50. Com isso, a procura pelos postos de saúde cresceu a ponto de faltar vacinas por alguns períodos.
Na cidade, que faz parte da lista da Secretaria Estadual da Saúde, a campanha de vacinação contra a febre amarela aconteceu nos meses de abril e maio do ano passado, quando dois casos fatais da doença alarmaram o País. Uma força-tarefa foi deflagrada e 95% da zona rural do município foram varridos por sete equipes. Ao todo, aproximadamente 30 mil quilômetros foram percorridos e apenas as fazendas onde as porteiras estavam fechadas ou não haviam moradores, não foram imunizadas. Foram encontrados macacos mortos e o vírus foi isolado para estudos nesses animais. Também foi feito um trabalho de captura de mosquitos, mas sem sucesso.
Naquela mesma época, 21 mil pessoas do campo e da cidade foram imunizadas. Entretanto, com os registros da doença em outras cidades do Estado e na capital, neste início de ano, o medo se espalhou na população novamente. O secretário municipal da Saúde, Vinícius de Cecílio Luz afirmou que a identificação e o bloqueio dos casos em Jataí foi feita e, no momento a situação é tranqüila. O secretário informou ainda que já foram imunizadas cerca de 90% das pessoas na zona urbana.
Mesmo diante da propagada tranqüilidade em Jataí, Vinícius Luz disse que com todo esse alarde, a população tem se apavorado e procurado os postos de saúde, às vezes até por falta de informação. O secretário lembrou que a vacina contra a febre amarela vale por 10 anos e quem já foi imunizado não precisa se submeter a mais uma dose da mesma.
Nesta fase de grande procura, o Ministério da Saúde, via Secretaria Estadual de Saúde, enviou emergencialmente para serem utilizadas nos 14 postos de saúde de Jataí mais 4 mil doses. Em todo o Estado foram mais de 300 mil doses da vacina. O medo do jataiense em contrair a febre amarela é tamanho que, em todo o mês de dezembro passado foram aplicadas aproximadamente 450 doses da vacina na cidade. Nos primeiros sete dias deste ano, quando a mídia nacional começou a comentar sobre o assunto, foram mais 600 doses, segundo informou o secretário da Saúde local. Em um único dia, na terça-feira, 8, foram aplicadas 150 doses. Em Jataí, todos os postos de saúde continuam lotados. Mas é bom lembrar que, quem se vacinou pela última vez contra a doença antes de 1998 deve procurar um posto de saúde imediatamente.
Os mosquitos transmissores da febre amarela são o Aedes Aegypti e os da espécie Haemagogus e Sabethes, mas não há como saber qual deles foi o responsável pelos casos ocorridos em Jataí. Segundo Vinícius Luz, apesar da tranqüilidade atual da secretaria, ainda existe a preocupação de que a doença silvestre seja introduzida na cidade pelo Aedes, vez que este mosquito já está bastante urbanizado e a preocupação é real, porque se ele voltar infectado com o vírus para a cidade pode reurbanizar a doença, o que complicaria bastante a situação de calmaria do momento.
Na segunda-feira, dia 7, a Secretaria Municipal da Saúde de Jataí recebeu uma nova denúncia. Foi encontrado mais um macaco morto na mesma região onde os primeiros casos foram registrados, perto de Perolândia. O pessoal da secretaria se deslocou até o local informado, porém o avançado estado de decomposição do animal impediu o isolamento do vírus. Se algum macaco for encontrado morto, a Secretaria Municipal da Saúde deve ser informada imediatamente, pois somente no tempo de 12 horas da morte do animal é possível isolar o vírus para teste.
Se diagnosticada corretamente e com rapidez, a febre amarela oferece risco de óbito de 20% aos infectados. De acordo com a diretora da Atenção Integral à Saúde em Jataí, a médica Bárbara Avelino, não existe um tratamento específico para a doença e, após comprovada por diagnóstico, o tratamento deve ser apenas repouso, hidratação, analgésico e anti-térmico. Caso o doente não procure o médico e o diagnóstico não seja feito, o risco de morte pode subir para 80%.
A febre amarela possui duas fases. Na primeira, surgem sintomas gerais muito semelhantes aos da dengue: febre alta, mal-estar, dor de cabeça, dor muscular muito forte, cansaço e calafrios. Na segunda, pode haver icterícia, hemorragia e complicações nos rins, fígado, pulmão e problemas cardíacos. Há casos em que o paciente recebe os devidos cuidados sem haver um diagnóstico preciso e, assim, se não houver nenhuma complicação, ele é curado e nem fica sabendo que teve febre amarela.
Bárbara Avelino esclarece que os atrasos e filas, que podem ser observados em grande parte dos postos de saúde, acontecem porque as pessoas não levam os cartões de vacinação. Dessa forma, as equipes médicas precisam consultar o sistema para verificar se existe ou não a necessidade de uma nova dose. Outro motivo é o apavoramento da população, o que fez com que muitos procurassem os postos ao mesmo tempo. As pessoas, com medo de não serem vacinadas, não levam os cartões, mas existe um arquivo central com todas as pessoas que já tomaram vacinas, e que será consultado para verificar se a vacinação é necessária. Se isso não for feito, pode faltar para quem precisa.
Informações importantes sobre a doença
A febre amarela não é transmitida de uma pessoa para a outra.
A transmissão do vírus ocorre quando o mosquito pica uma pessoa ou primata (macaco) infectado, normalmente em regiões de floresta e cerrado, e depois pica uma pessoa saudável que não tenha tomado a vacina.
Vacinar-se já estando contaminado não mata.
Imunodeficientes não podem tomar a dose.
Gestante não pode tomá-la, a não ser que esteja em área de risco. Nesse caso, ela precisa ser avaliada por um médico.
Lactantes podem ser imunizadas.
Animal morto não transmite a doença.
Imunização pela vacina é de quase 100%.
Anticorpos da vacina precisam de até 10 dias para se desenvolver.
Apenas 20% dos infectados morrem, se a doença for diagnosticada previamente.
Caso não diagnosticada em tempo, esse número pode subir para 80%.
A pessoa fica doente de três a quatro dias após picada.
Onde há suspeita de febre amarela em casos de mortes de macacos, em Goiás
Abadia de Goiás, Anápolis, Anicuns, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caldazinha, Castelândia, Catalão, Cavalcante, Ceres, Crixás, Cromínia, Divinópolis, Doverlândia, Faina, Fazenda Nova, Gameleira de Goiás, Goiânia, Goiandira, Goianira, Cidade de Goiás, Guarinos, Heitoraí, Hidrolândia, Inhumas, Itapuranga, Jaraguá, Jataí, Jussara, Leopoldo de Bulhões, Mineiros, Montes Claros, Nova Aurora, Novo Brasil, Orizona, Palestina de Goiás, Paraúna, Perolândia, Petrolina, Piracanjuba, Piranhas, Pirenópolis, Pontalina, Rio Quente, Santa Cruz, São Miguel do Passa Quatro, Senador Canedo, Silvânia, Uruaçu, Vianópolis. (Fonte: Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, sexta-feira, 11/01/2008.)

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