GAZETA POPULAR INFORMA:TEM DUAS ENQUETES NOVAS PARA VOCÊ PARTICIPAR. BASTA SUBIR A TELA NO MENU À DIREITA. PARTICIPE! | Você pode acompanhar as notícias da Gazeta Popular e todas as produções da ABD Comunicações através do TWITTER e do FACEBOOK. Clique nos banneres na coluna à direita do seu vídeo. | ESTAMOS SELECIONANDO VENDEDORES DE PUBLICIDADE MAIORES DE 18 ANOS, BOA APARÊNCIA E DOMÍNIO DE COMUNICAÇÃO PARA ATUAR COM VENDAS DE ANÚNCIOS. INTERESSADOS, ENTRAR EM CONTATO, EM HORÁRIO COMERCIAL, PELO FONE: 3636-4502. EXCELENTE COMISSÃO SOB VENDAS.

13 de dez. de 2007

EXCLUSIVO! Vereadora Maria José Lemes solta o verbo e diz que valoriza o compromisso, mesmo que isso lhe custe um mandato político

"Foi uma coisa louca e, até hoje, eu tô sem entender isso."
Jataí (GO) - Na segunda-feira, 10, a vereadora Maria José da Silva Lemes (PTB), esteve visitando o escritório da Agência Eldorado/Gazeta Eldorado, quando aproveitamos para gravar com ela a entrevista que você vai ler, abaixo.
Na entrevista, a vereadora campeã nacional de votos (em proporção), com 5.008 votos na eleição de 2004, disse estar consciente de que, ao disputar a reeleição em outubro do ano que vem, não irá conseguir repetir tal feito.
Criticada por quase não ter aberto a boca para falar em plenário, Maria José Lemes soltou literalmente o verbo na entrevista. Ela revela detalhes dos bastidores das turbulentas votações do requerimento da CEI/CPI para investigar denúncias contra o prefeito Fernando Peres (PR), e da eleição da Mesa Diretora 2008, onde, segundo ela, havia um pré-acordo entre os vereadores André Pires (PR) e Soraia Rodrigues (PSDB) onde, caso André Pires vencesse o pleito para a Mesa Diretora 2008, ele e Soraia Rodrigues dividiriam a presidência por semestre entre ambos, um fato inédito na política jataiense, caso o tal acordo tivesse vingado.
Conhecida pela alcunha de “Maria José do Núcleo (Regional de Combate ao Câncer em Jataí), a vereadora garante não ter compactuado com tal pré-acordo. Sem medo de dizer a verdade, ela afirma que o melhor presidente da atual Legislatura do Parlamento Jataiense é o vereador Ediglan Maia (2005), mas por ter que cumprir um acordo firmado com o prefeito Fernando Peres e sua base de apoio na Câmara Municipal, ela teria que votar em André Pires (PR), caso ele tivesse sua chapa aprovada para a votação, o que acabou não acontecendo no dia seguinte à gravação da entrevista que você lê, a seguir.
Qual o seu posicionamento, diante das críticas que a Câmara de Vereadores de Jataí tem recebido referente ao comportamento dos vereadores na votação do requerimento da CEI/CPI que investigaria a prefeitura, onde a senhora votou contra. Por que?
Maria José – O meu voto foi contra porque os vereadores já fizeram a denúncia, levaram as provas à Polícia Federal e ao Judiciário. Se os vereadores já fizeram este trabalho, parabéns a eles. Eu estou aguardando o parecer da Polícia Federal e do Judiciário. E se o prefeito for culpado, ele terá que pagar.
A senhora não acha que, se estivessem votado favoráveis à aprovação deste requerimento, vocês não estariam fazendo uma melhor investigação e dando uma maior colaboração à polícia e ao Ministério Público?
Maria José –
Eu acho que o requerimento não seria uma investigação. Uma investigação legítima é a que os vereadores (Gênio Eurípedes (PMDB) e Ediglan Maia (PSDB)) já tinham feito, levado as provas à Promotoria, à Justiça. Agora, acho que nós temos é que aguardar mesmo o parecer deles.
A senhora não acha que quem votou contra o requerimento passou por cima da lei que obriga os vereadores a apurarem as denúncias, atropelando a função do vereador? Vocês não ficaram com preguiça em apurar os fatos? Ou vocês, de repente, chegaram a receber algum agrado do prefeito, como tem gente dizendo por aí, para não votarem na aprovação do requerimento da CEI/CPI?
Maria José – Bem... Nunca foi feita uma proposta nesse sentido para a vereadora Maria José. Nem na Câmara Municipal com os vereadores e nem mesmo o prefeito nunca fez esta proposta.
O prefeito nunca pressionou a vereadora Maria José para votar contra o requerimento da CEI/CPI?
Maria José – Nunca. Eu tenho um compromisso com o prefeito e acho que compromisso tem que ser cumprido doa o que doer. Ele nunca fez uma proposta como essa e eu nunca recebi nada de agrado.
Então o prefeito Fernando Peres nunca exigiu que a senhora votasse sempre a favor dele ou dos interesses da administração dele?
Maria José – Nunca. Nunca o prefeito me falou algo nesse sentido. Eu tenho feito vários requerimentos que têm sido aprovado por todos os vereadores. O prefeito tem cumprido o compromisso dele de estar fazendo esses benefícios para a comunidade, sem pedir nada em troca.
A senhora falou que tem um compromisso com o prefeito. Que compromisso é esse?
Maria José –
Eu sou uma pessoa que, quando tem um compromisso com alguém, eu mantenho esse compromisso doa a quem doer. Eu mantenho o compromisso com a pessoa até o fim. É palavra. Eu pertenço à base de apoio ao prefeito e, até prove o contrário, ou seja, que o prefeito tenha feito alguma coisa errada, eu continuo na base e mantendo o compromisso que eu tenho firmado com o prefeito Fernando Henrique Peres.
O fato do prefeito ter articulado, através do seu líder o Parlamento Municipal, Alcides “Cidão” Fazolino, com a participação dos demais vereadores da base de apoio da qual a senhora também faz parte... Por mais que a senhora fale que não houve pressão do prefeito, a senhora não acha que, ao derrubarem o requerimento da CEI/CPI, partindo do princípio de que “quem não deve, não teme”, não teria sido uma atitude de esconder algo que temem vir a ser descoberto?
Maria José – Eu não acho isso. O dr. Alcides é o líder do prefeito. Ele faz a defesa...
Este é o papel dele, pois ele é o líder. Mas, não é o de vocês, não. Vocês não são líderes do prefeito, apenas apóiam o prefeito...
Maria José – É como eu te disse. Até que provem que o prefeito fez alguma coisa errada, a gente vai rever nossa posição.
Digamos que o prefeito seja realmente honesto, e sendo honesto, ele não deveria autorizar que os vereadores fizessem esta investigação na administração dele?
Maria José – Bem... Eu acho que o prefeito não fez nada errado, eu acho. Pode ter acontecido de algum assessor dele ter cometido algo errado, mas eu não cheguei a ler a papelada das denúncias e nem ouvi as gravações. Quando os vereadores falaram que iriam propor essa CPI (CEI), eles já tinham feito todo o trabalho. Antes, eles não procuraram a gente, não mostraram nada para a gente e só nos mostraram algo depois que eles já tinham feito as denúncias na Justiça. Eu acredito na inocência do prefeito, até que provem o contrário.
Se a senhora estivesse no lugar do prefeito, aparecendo denúncias graves contra a senhora, a senhora deixaria investigar? Ou a senhora iria articular para que as investigações não acontecessem?
Maria José – Eu deixaria investigar. Enquanto cidadã e vereadora, podem investigar a minha vida. Eu queria mais é que fizessem uma investigação rápida e descobrissem definitivamente que sou inocente.
Com relação a eleição da Mesa Diretora 2008, a senhora foi um dos vereadores que abandonaram o plenário por determinação do líder do prefeito, Alcides Fazolino. Por que a senhora fez isso? A senhora não acha que foi uma atitude que comprometeria a cidade, vez que, naquele dia (7 de dezembro), nenhum projeto, nenhum requerimento foi votado por culpa de vocês?
Maria José – Eu fico muito triste de falar e pensar em tudo que aconteceu nestes últimos dias, nestas articulações todas. O que eu sei é que a chapa seria a do vereador André “da Galera”... Eles já tinham conversado e feito os compromissos deles lá...
A senhora fez o compromisso com o vereador André Pires de votar nele?
Maria José – Não. Tinha o compromisso da base de apoio ao prefeito da qual eu faço parte, que foi feito há três anos. Eu tinha o compromisso de votar no Ediglan Maia, eu votei. No João Wesley, eu votei. Na Soraia Rodrigues, eu votei. Agora, neste ano, o compromisso era de votar no André Pires. Era o compromisso da base e eu acho que deveria ser cumprido. É isso que eu vou fazer. O meu voto ainda é do André da Galera até o fim. Não estou aqui dizendo que sou contra qualquer outro vereador. O vereador Ediglan Maia, quando foi presidente, até hoje eu elogio a presidência dele...
A senhora até chegou a dizer que o vereador Ediglan Maia foi o melhor presidente dos últimos anos...
Maria José – Sim. Eu não tenho vergonha de falar isso e sei que os outros que foram presidente não ficarão com raiva de mim, pois o Ediglan Maia para mim foi o melhor presidente. Ele levou a Câmara Itinerante para os bairros, onde foi prestado um grande serviço para a comunidade.
E o trabalho social, que lhe deu uma votação expressiva em 2004, continua sendo sua marca de trabalho, vereadora...
Maria José – Exatamente. Eu fazia antes de ser vereadora, continuo fazendo agora e vou continuar fazendo depois que meu mandato terminar. Voltando à Câmara Itinerante que o vereador Ediglan Maia levou aos bairros, foi uma maravilha. Muitas pessoas ficaram sabendo que eram portadores do diabetes, ou pressão alta, muitas mães ficaram sabendo que seus filhos tinham problemas de ouvidos ou de garganta por causa do atendimento público feito nas Câmaras Itinerantes.
A senhora não acha que seria bom para Jataí que este trabalho tivesse continuidade, ou seja, que o vereador Ediglan Maia tivesse uma segunda chance e voltasse à presidir o Parlamento Jataiense para dar continuidade à este trabalho?
Maria José – Eu não tenho pensado nisso. Esses dias foram muito tumultuados. Eu só penso no compromisso que firmei. Se eles tivessem sentado pra conversar sobre isso juntamente com os demais vereadores. Se eles estivessem sentado cara a cara, homem com homem, olho no olho e tivessem chegado a um acordo, ai tudo bem. Mas, como não aconteceu isso antes, eu continuo com o meu compromisso com o vereador André da “Galera”.
A senhora fala muito em compromisso. Houve este acordo que previa para este ano a presidência da Câmara de Vereadores para um vereador do PR. Mas o acordo com quebrado e os vereadores estão livres para votar em quem quiser. A senhora acha que vale a pena manter este seu compromisso?
Maria José – Eu acho...
Mesmo correndo o risco de ser mal interpretada pelo povo, por aqueles mais de 5 mil eleitores que te elegeram e que, agora, possam achar que a senhora não está tendo um comportamento ético na sua função de vereadora?
Maria José – Mas eu sou uma vereadora ética. Eu sou uma pessoa muito ética. Às vezes as pessoas que não me conhecem, me confundem, mas eu sou muito ética. Eu vou continuar com o meu compromisso com o vereador André “da Galera” porque eu acredito que compromisso é algo que, quando a gente faz, tem que cumprir. Se a gente não cumprir nossos compromissos, como ficará o mundo daqui por diante?
Eu vou insistir na pergunta... A senhora afirmou que, na votação do requerimento da CEI/CPI, a senhora não recebeu nenhuma exigência da parte do prefeito, nem chegou a receber algo em troca para ter votado contra o requerimento. Mas, na votação da Mesa Diretora 2008, houve alguma exigência? Esse seu compromisso é algo determinado pelo prefeito? A senhora recebeu algo em troca para votar em André Pires para presidente?
Maria José – Eu nunca recebi nada do prefeito. O prefeito nunca me pediu para votar nesse ou naquele candidato. Eu decidi votar em André “da Galera” exatamente por causa daquele compromisso firmado com a base de apoio ao prefeito. Nenhum dos dez vereadores me chamaram para fazer qualquer negociação de voto.
A senhora acha correto abandonar o plenário como vocês fizeram na sessão do dia 7 de dezembro?
Maria José – Olha, eu estou ainda analisando isso...
Não seria um gesto de molecagem da parte de autoridades públicas que vocês são? Os vereadores não teriam agido como moleques?
Maria José – Da minha parte, acho que não.
A senhora saiu do plenário...
Maria José – Sai. Eu fiquei tão assustada, até nem foi pelas palavras dos vereadores, mas pela expressão, a fisionomia dos vereadores que estavam falando, coisa que eu nunca vi na minha vida. Eu nunca tinha ido em alguma Câmara Municipal. Depois que eu sou vereadora é que estou indo, participando e trabalhando. Eu sou uma vereadora atuante. Tenho trabalhado muito. A única vez que eu faltei a uma sessão foi quando eu fui a São Paulo visitar a Cosan...
Pois é, mas e o fato de sair do plenário e abandonar a sessão?
Maria José – Foi como eu disse. Eu fiquei muito assustada, não com as agressões entre os vereadores, mas fiquei muito impressionada com a fisionomia dos vereadores. Eu acho que a nossa saída do plenário não iria prejudicar a votação da Lei Orçamentária 2008, que ia ser a terceira votação. Eu até tenho uma emenda pedindo mais verba para o Núcleo de Combate ao Câncer, pois tenho uma preocupação muito grande com aquela entidade devido à grande quantidade de pessoas que necessitam da ajuda da prefeitura. Pelo que a assessoria jurídica tinha me falado, não haveria qualquer prejuízo nas votações. Eu levantei e sai do plenário na expectativa de que os demais vereadores voltassem a si.
Mas, ao perceber que este gesto de vocês cancelou a sessão, a senhora chegou a se arrepender de ter abandonado o plenário?
Maria José – Não me arrependi. Sabe porque? Porque os trabalhos da Mesa Diretora não ficaram prejudicados.
Não ficaram prejudicados, mas vocês poderiam ter esgotado a pauta de votações de 2007 naquela sexta-feira, 7 de dezembro, e não precisaria de uma sessão extraordinária. Não haveria necessidade de ficar prorrogando as coisas...
Maria José – Eu esperava que sim. Nenhum dos vereadores me falou que tinham mudado os acordos deles. Não fui eu quem fez acordos com eles. Eu tinha o compromisso antigo. Sentei lá. Comecei a carimbar os projetos e, de repente, tudo mudou. Fiquei sem entender tudo aquilo. Foram tantos desaforos, coisas feitas que um falava para o outro. O nosso Regimento Interno terá que ser revisto e reescrito, pois, um achava uma brecha e, o outro, achava outra brecha. Foi uma coisa louca e, até hoje, eu to sem entender isso.
A senhora fala muito em compromisso e, na política, a palavra compromisso é muito utópica. O jogo político... A senhora já aprendeu as regras do jogo político? A senhora faz jogadas políticas?
Maria José – Não. Eu não aprendi. Eu acredito muito que não vou aprender este jogo. Acho que os políticos devem ter um compromisso com a cidade e não compromissos pessoais.
Dentro da questão do jogo político, a senhora que teve 5.008 votos, foi a vereadora mais votada do país, em proporção. A senhora não tem medo de ter sua imagem política arranhada e manchada em função de ter colaborado para que a administração municipal não fosse investigada pela Câmara de Vereadores? Também por ter feito parte de uma base de apoio ao prefeito cujos membros chegaram a abandonar o plenário deixando de cumprir suas funções? São dois pontos negativos que o povo dificilmente irá esquecer. A senhora não teme que o nome da vereadora Maria José, por pertencer a este grupo da base de apoio ao prefeito e por ter este compromisso declarado com o prefeito, a senhora não seja prejudicada na disputa pela reeleição no ano que vem?
Maria José – Até que provem que o prefeito fez algo errado e o prefeito é culpado, eu não tenho medo. Estou sempre trabalhando. Eu não falo muito. Sou de falar pouco e trabalhar muito. As pessoas podem investigar a minha vida e o meu trabalho, pois estou sempre trabalhando. Como vereadora, já consegui várias coisas boas para nossa cidade, para nossa comunidade. Eu quero mesmo é ver nossa cidade crescer, ser uma cidade bela e boa de morar, e uma comunidade onde todos se respeitam. Vou estar sempre trabalhando e sempre manter meus compromissos.
Então, em nome desse compromisso feito com o prefeito Fernando Peres, no início dos mandatos de vocês, vale a pena, de repente, sacrificar uma disputa sua por um segundo mandato de vereadora? Vale a pena colocar em risco a disputa pelo seu segundo mandato?
Maria José – Estou na política e a comunidade é quem deve analisar meu trabalho. Quem vai analisar o que eu fiz e o que eu deixei de fazer será o povo. Não acho certo ter, hoje, um compromisso com o fulano e, amanhã, ter um compromisso com o beltrano. Então, eu tenho um compromisso de apoio ao prefeito e, até que provem o contrário, eu vou manter este compromisso até o último dia dos nossos mandatos. O meu trabalho está à disposição da comunidade para que ela faça a sua avaliação. O povo de Jataí é que sabe do meu futuro político.
O seu compromisso com o prefeito é o mesmo compromisso com os seus eleitores ou há alguma diferença?
Maria José – O meu compromisso com o prefeito reza que o prefeito faça o melhor para a cidade e para a nossa comunidade. Este também é o meu compromisso com a comunidade que votou ou não votou em mim. Estou ai trabalhando e o povo que me julgue. #
(*) No dia seguinte à esta gravação, a vereadora Maria José Lemes (PTB) e todos os demais membros do bloco de apoio ao prefeito Fernando Henrique Peres, não compareceram à sessão extraordinária, deixando de votar nos requerimentos e nos projetos (inclusive o Orçamento Municipal 2008) e deixando de votar na eleição da Mesa Diretora 2008, cuja vitória foi da chapa única encabeçada pelo vereador Ediglan Maia (PSDB).
Terry Marcos Dourado
Imagens: 1) Arquivo Eldorado; 2) Amarildo Gonçalves/CMJ

Nenhum comentário: