Terry Marcos Dourado - ABD Comunicação
Baseada em trechos da entrevista publicada na edição 238 do "Jornal Poderes"
O jornal Poderes, o mesmo que, no final de 2007 publicou matérias ofensivas contra os vereadores Gênio Eurípedes (PMDB) e Ediglan Maia (PSDB) – após estes terem feito diversas denúncias contra a administração do prefeito Fernando Henrique Peres (PR) ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Ministério Público (MP), Polícia Federal e à Polícia Civil – voltou a circular em Jataí, esta semana, meses depois, desta vez com cinco páginas focando o atual prefeito jataiense.
Das cinco páginas de sua edição 238 em que o Jornal Poderes publicou um “especial” sobre o Governo Municipal de Jataí, duas delas contêm uma polêmica entrevista com o prefeito Fernando Henrique Peres (PR) e, as outras três, funcionam como uma vitrine da administração municipal. Em sua entrevista, Fernando Peres voltou a provocar adversários e, pela primeira vez, assumiu sua pré-candidatura à reeleição.
Nenhum jornalista assinou a reportagem. A entrevista começa com o prefeito Fernando Peres (FHP) acusando seu antecessor, Humberto Machado (PMDB) de ter lhe entregado o comando do município com muitas dificuldades. Em seguida, o prefeito demonstrou êxtase ao elencar empresas que, segundo ele, se instalaram no município graças aos esforços de sua administração, com promessas de melhorar substancialmente a arrecadação municipal e a oferta de empregos. Peres também manifestou claramente o seu orgulho em ter, segundo ele, priorizado e valorizado o funcionalismo público.
Ao ser questionado se a Lei de Responsabilidade Fiscal, que este mês completou oito anos de criação, realmente beneficia os municípios, Fernando Peres disse que, em parte, sim. Ao justificar sua resposta, citou, de forma provocativa, o ex-prefeito Humberto Machado. “O ex-prefeito de Jataí deixou uma folha de pagamento, dívidas com fornecedores. Ele (Humberto) fez uma confissão de dívidas do INSS da ordem de R$ 5 milhões, 688 mil, no dia 16 de dezembro de 2004, quando ele estava saindo, no apagar das luzes. Isto é um golpe contra os jataienses” – alfinetou Peres.
Fernando continuou a atacar o ex-prefeito Humberto Machado afirmando que seu antecessor fez um parcelamento do Instituto de Previdência Municipal (JataiPrevi), da ordem de R$ 2 milhões, 380 mil, em dezembro de 2004. “E está por aí solto, e deve ser candidato a prefeito. A lei (Responsabilidade Fiscal), em parte é correta, mas deixa muito a desejar” – disse.
Mais adiante, na mesma entrevista, o prefeito jataiense, após fazer uma propaganda positiva da saúde pública no município, comentou de forma enfática sobre as denúncias a que fora vítima no segundo semestre de 2007, ao ser questionado sobre o seu posicionamento a respeito do combate à corrupção em sua própria gestão. “Eu também sou investigado, sou denunciado, mas também não vou ser preso, porque eu tenho a convicção de que a gente trabalha com muita lealdade, da forma correta. Agora, a prefeitura de Jataí tem três mil funcionários e um ou outro pode acabar cometendo algum erro, até mesmo proposital. Se isso acontece, de imediato nós mandamos esta pessoa para a rua. No ano passado, passei por um processo desgastante” – lembrou Peres.
Fernando Peres ressaltou que as diversas denúncias contra sua administração feitas ao Ministério Público e também às polícias federal e civil, tiveram apenas intenção política. “Foram atos de politicagem visando desgastar a minha imagem e para facilitar as eleições este ano. Só que não provaram nada. Foram denúncias infundadas, tanto que já tem praticamente um ano e nada foi realmente comprovado” – ironizou e, ao encerrar sua resposta após dar conselhos ao eleitor, Fernando Peres, mandou um recado indireto a alguns vereadores (certamente os autores das denúncias contra a sua administração): “Eu fui vereador e acho que o papel do vereador é fiscalizar, legislar, mas é de ser correto também. Muitos vereadores são malandros, desonestos e aqui também tem gente assim” – disse.
Ao ser questionado sobre como o eleitor pode escolher melhor seus políticos, Fernando Peres em vez de responder a pergunta, voltou a fazer propaganda de sua administração sem esquecer de dar mais outra “espetada” em seu antecessor. “Vejo pessoas fazendo comparações de minha administração com a do ex-prefeito (Humberto Machado), do qual eu fui vice-prefeito. Ele ficou oito anos na prefeitura. Eu estou há pouco mais de três anos e, proporcionalmente, posso garantir que Jataí foi muito mais contemplada nesta administração do que nos oito anos passados. E na campanha política nós vamos ter a oportunidade de mostrar isso. Quem fez mais” – provocou.
Ainda dentro do mesmo questionamento, Fernando Peres deixou o proselitismo de lado e, pela primeira vez, assumiu com todas as letras que vai tentar sua reeleição no pleito municipal de 5 de outubro. “A auto-estima do jataiense está elevada, o comércio está superaquecido e isso é uma cadeia produtiva. Tenho conseguido transformar Jataí e, na campanha, pois sou candidato (nesse momento, Fernando Peres não deveria dizer “pré-candidado” em vez de "candidato"?) à reeleição, temos mais ou menos sessenta dias de programas na televisão e vamos fazer uma comparação para mostrar” – comentou.
Perguntado sobre como a população pode cobrar mais dos políticos, o prefeito Fernando Peres voltou a provocar seus adversários dizendo que muita gente torce para o quanto pior, melhor. “Eu estava no aeroporto de Congonhas (SP) quando li uma frase muito interessante: “Pare de falar e comece a fazer”. Este, é o recado que vou dar para a oposição. Vamos parar de falar e começar a fazer mais” – disse Peres.
Ainda em suas “agulhadas” na oposição, Fernando Peres ressaltou uma mágoa indireta dando a entender que fora traído. “Tem gente que se elege do seu lado e, depois, por interesses pessoais, acaba mudando de lado. Não estou aqui para atender interesses individuais de ninguém. Nem de vereador, nem de presidente de partido político. Sofri muito com isso. Estou aqui para atender à coletividade, a toda a população” – comentou, supostamente mandando um recado indireto ao vereador Ediglan Maia, presidente do PSDB jataiense que, em 2005 e 2006, era aliado político de Peres e, atualmente, afirma ser aliado do pré-candidato peemedebista Humberto Machado.
A pergunta seguinte pediu que Fernando Peres falasse de seus próximos projetos como prefeito de Jataí. Ele disse que pretende transformar a cidade em um grande pólo industrial e também pólo educacional. E voltou a dar mais uma “espetada” em Humberto Machado. “O ex-prefeito estava apostando só no turismo. “Jataí não terá a indústria da fumaça e da poluição”, ele (Humberto) dizia. Isso não existe” – alfinetou Peres.
Por que Fernando Peres e não
Humberto Machado?” FHP responde
Esta foi a penúltima pergunta feita na entrevista que o prefeito Fernando Peres concedeu ao Jornal Poderes. Devido ao “forte tempero” da resposta do prefeito e prefeitável Fernando Peres, iremos reproduzi-la na íntegra, a seguir. Peres assim respondeu:
“Na verdade, o ex-prefeito (Humberto Machado, PMDB) tem uma sede de vingança na minha pessoa. Por que? Eu era vice dele. Na última eleição, eu liderava todas as pesquisas. Por birra, ele não quis me apoiar. Ele pensava que as eleições já estavam garantidas para o PMDB, que estava há 30 anos no poder. Ele se julgava superior a tudo e a todos. Inclusive, em uma entrevista no rádio ele foi questionado pelo repórter sobre o porquê da demora para definir o nome do PMDB. Ele disse “eu estou muito tranqüilo porque a pessoa que eu indicar já sai com 15 mil votos”, e o candidato do PMDB, que era uma boa pessoa, teve apenas 17 mil votos (aqui, FHP faz referência indireta ao odontólogo Alcântara de Carvalho Neto, candidato a prefeito derrotado em 2004).
Na verdade, ele (Humberto Machado) quer voltar (a ser prefeito de Jataí) mais por vingança. Agora, política não se faz desta forma. Ele cometeu muitos equívocos como, por exemplo, se aliando a um vereador (aqui, FHP faz referência indireta a Ediglan Maia, PSDB) que era da minha base e, só porque eu não atendi a seus interesses pessoais, ele se revoltou contra mim. O ex-prefeito (Humberto Machado) se aliou à esta pessoa que era quem mais criticava a administração dele.
Ele (Humberto) apoiou o candidato da comigo abertamente e perdeu. Isso repercutiu mal. O Maguito (Vilela, ex-senador) saiu de Jataí, não está muito preocupado com ele (Humberto Machado) aqui. Maguito transferiu seu domicílio eleitoral para Aparecida de Goiânia para ser o candidato (a prefeito) lá. E ele (Humberto Machado) perdeu vários companheiros de primeira hora do PMDB aqui. Então, nem sei se, no momento decisivo, ele (Humberto) será candidato. Eu espero que seja, para que tenhamos um confronto de alto nível, não como aconteceu na eleição passada quando eles me acusaram e fizeram aqui um terrorismo muito grande para tentar mudar a opinião pública . Mas foi a vitória mais expressiva de toda a história de Jataí porque, quando Deus quer, o homem não muda.
Não tenho nada contra ele (Humberto Machado). O que achei ruim foi ele deixar a prefeitura em péssimas condições, endividada. Eu estou trabalhando para fazer o contrário. Quero deixar a prefeitura em boas condições para o meu sucessor, seja eu ou não. O ex-prefeito (Humberto Machado) teve a cara-de-pau de ir à imprensa falar que terá o apoio do governador Alcides Rodrigues (PP). Isto é brincar de fazer política. Que terá o apoio do senador Marconi Perillo. Ele (Humberto) está tentando confundir a cabeça das pessoas falando isso.
Mas a verdade está chegando, está sendo esclarecida. E tenho certeza de que o grande apoio quem vai ter aqui em Jataí sou eu. Isso eu estou falando com o conhecimento da causa e com a seriedade com que trato o povo, sempre. Não estou aqui brincando de fazer política, nem tentando enganar ou confundir a cabeça do povo. A briga vai ser boa e eu tenho muita confiança que Deus vai me dar um segundo mandato.” – concluiu Peres.
Na pergunta final da entrevista, ao ser questionado se o poder é mesmo afrodisíaco, como disse o ex-presidente americano Jhon Kennedy, o prefeito jataiense “adoçou as palavras” e, interpretando a humildade, assim respondeu:
“Eu posso dizer que sou uma pessoa que trabalha muito. Não sou apaixonado por política. Estou aqui porque Deus me colocou neste caminho. Fui candidato a vereador, e fui eleito. Fui candidato a vice-prefeito, e fui eleito. Fui candidato a prefeito, e fui eleito. Então, até agora, é uma trajetória vitoriosa e eu não posso me furtar de continuar neste caminho, mas não morro de amores pela política. Aliás, tive algumas decepções na política. Agora, eu diria que, para mim, ela é um desafio, tanto é que eu trabalho aqui no sábado, no domingo, nos feriados e não tenho preguiça. Esta é a verdade.
Dia primeiro de maio, por exemplo, eu fiquei aqui (certamente se referiu ao seu gabinete, no Centro Administrativo Municipal) até as dez horas da noite. Acho que as pessoas não podem se apegar ao poder, e eu estou preparado para ficar e continuar ou sair. Mas quando eu sair, saio de cabeça erguida, diferente das outras pessoas” – concluiu Peres a sua resposta e também a entrevista.
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