Jataí (GO) - Nesta quinta-feira, 22, o delegado regional e titular da 14ª Delegacia Regional da Polícia Civil em Jataí, Alessandro Tadeu de Carvalho Lopes, começou a colher os depoimentos dos envolvidos no escândalo na prefeitura local. Por volta das 14 horas, o advogado Deusdinei da Silva Rezende prestou o seu depoimento, confirmando todas as suas declarações ditas anteriormente. Ele ainda apresentou novas provas que confirmam as ilegalidades que teriam sido cometidas pelo funcionário público Rildo Vergínio Moreira.
O advogado Deusdinei Rezende confessou que teria autorizado o funcionário público municipal, chefe da Divisão de Serviços Administrativos, Rildo Vergínio Moreira, a abrir uma empresa em seu nome, e nada mais que isso. Ele disse também que desconhecia o fato de Rildo Vergínio estar movimentando esta empresa que tinha o nome de fantasia de “Produtora Giro no Esporte” e, estranhamente, fora registrada como sediada no mesmo endereço da Rádio Mundial 105,9 FM (hoje, provisoriamente com o nome fantasia de Rádio Transamérica Hits), na Rua JK, 1823, Vila Fátima.
Deusdinei confirmou que, das 500 notas fiscais confeccionadas com a autorização de Rildo Vergínio, apenas a última, a de número 500, não foi utilizada pelo funcionário da prefeitura. “Dessas 500, foram usadas 499 notas. No decorrer desse tempo, ele (Rildo) preenchia, assinava, empenhava e recebeu o dinheiro dessas notas” – revela o advogado em gravação que foi exibida na reunião que os vereadores Gênio Eurípedes (PMDB) e Ediglan Maia (PSDB) realizaram com líderes partidários na última terça-feira, 20, no plenário da Câmara de Vereadores.
Segundo informações, Rildo Vergínio assinava as notas fiscais como se ele fosse o Deusdinei Rezende. Este, afirma que até então desconhecia todas estas irregularidades até então cometidas pelo assessor do prefeito Fernando Peres (PR). “Eu não tenho nada, nenhuma empresa, que me envolva com a prefeitura” – garantiu o advogado.
Ainda de acordo com as informações, nas primeiras investigações, foi constatado que o assessor do prefeito, Rildo Vergínio Moreira, faturou na prefeitura de Jataí, através das notas fiscais irregulares e empresas fantasmas, mais de R$ 200 mil (valor apurado até o momento). “Mas acredito que este valor ultrapasse R$ 400 mil” – disse Deusdinei Rezende na gravação exibida na última terça-feira.
Mais tarde, por volta das 16h30min, o delegado Alessandro Tadeu ouviu o chefe da Divisão de Serviços Administrativos da prefeitura, Rildo Vergínio Moreira, que compareceu à delegacia acompanhado do advogado Humberto Macchione de Paula (filho do atual secretário municipal de Turismo, Evaristo Anania de Paula).
O DEPOIMENTO DE RILDO VERGÍNIO MOREIRA
Rildo Vergínio Moreira chegou a 14ª Delegacia Regional de Polícia Civil, por volta das 16:30hs, acompanhado de seu advogado de defesa, Humberto Macchione de Paula. Segundo o repórter Sérgio Torres da Alvo Publicidade, Rildo e seu advogado não permitiram que fossem feitas fotos nem antes nem depois do depoimento ao delegado Alessandro Tadeu, alegando ser aquele um local impróprio para fotos.
Rildo Vergínio teria dito ao repórter Sérgio Torres que sequer sabia o que ele estava fazendo ali. “Na verdade, ainda nem sei porque fui chamado aqui” – teria dito Rildo Vergínio a Sérgio Torres. O advogado de defesa Humberto Macchione teria dito ao repórter que, Rildo Vergínio, dependendo do assunto, se o mesmo for inconsistente, poderá nem ir a julgamento.
O repórter disse ainda que Rildo Vergínio lhe fez as seguintes declarações: “O Ediglan (Maia, vereador autor das denúncias contra Rildo) procurou o Peterson Bueno (atual assessor de Comunicação da prefeitura e apresentador do programa “Jornal da Sucesso”, na Rádio Sucesso FM), na sexta-feira passada, dia 16, e disse a ele que não tinha nada contra mim, que o problema era com o Fernando (Peres, o prefeito). Estou pagando só por eu ser amigo do Fernando. Ele me fez um monte de acusações e depois vem pedir desculpas” – disse Rildo ao repórter, segundo informações do próprio repórter.
Rildo Vergínio teria argumentado que estaria sendo perseguido pelo simples fato de que irá postular uma vaga na Câmara de Vereadores no ano que vem. “Uma vez ele (o vereador Ediglan Maia) me disse que eu estava atropelando todo mundo com os adesivos do meu nome. Só que quem está pregando esses adesivos por aí são meus amigos. Eu tenho culpa nisso? Só porque eu sairei candidato a vereador...Ele me falou que eu iria pagar caro por isso” – alegou.
O repórter também disse que Rildo Vergínio teria feito comentários a respeito do programa que ele comanda na Rádio Transamérica Hits (Mundial FM). “Ele (Ediglan Maia) falou que meu programa (de rádio) é fantasma, que eu tenho o programa só para receber de prefeitura e câmara. Ele me patrocinava no meu programa. Lá tem sete pais de família que se sustentam. Se acabar, é desemprego”, alegou Rildo Vergínio que, antes de entrar para a sala do delegado e prestar seu depoimento, teria dito: “Tudo isso só por que vou sair candidato a vereador? Por acaso não posso ser candidato?”
Segundo a narrativa do repórter Sérgio Torres, Rildo Vergínio teria dito em seu depoimento que trabalha na prefeitura de Jataí há sete anos, inicialmente como chefe de gabinete do então vice-prefeito Fernando Henrique Peres (atual prefeito). Em seguida, foi chefe da Divisão de Patrimônios e, no mandato do prefeito Fernando Peres, assumiu a função de chefe da Divisão de Serviços Administrativos.
Rildo teria dito ao delegado que ele tinha um sócio para pegar serviços na Tv Jataí (programa Giro no Esporte) em filmagem de casamentos e eventos e teria sido aconselhado pela família a deixar o negócio. Rildo teria revelado ao delegado que recebeu um patrocínio na Tv Jataí, em 2002, para o Programa Giro no Esporte, no valor de R$ 800,00 para cobrir o esporte local e que, para receber este dinheiro, lhe foi exigido a apresentação de nota fiscal.
Ainda em seu depoimento, segundo relevações do repórter Sérgio Torres, Rildo Vergínio afirmou ter saído da Tv Jataí, em 2003 e que, posteriormente, teria recebido ajuda em cota de patrocínio do então prefeito Humberto Machado, para o programa “Mundial Esportes”, na Rádio Mundial FM. Ele revelou que à emissora ele teria que pagar pelo horário do programa a quantia de R$ 2.400,00, valor com desconto vez que, sergundo ele, o preço normal seria R$ 3.400,00.
Sérgio Torres revelou que Rildo, em seu depoimento, teria dito que pediu ajuda ao então assessor de Comunicação da prefeitura, Gean Borges Ferreira, e este, teria conseguido uma ajuda de R$ 15 mil no Rio de Janeiro. Em seu programa de rádio, na Mundial FM, Rildo teria afirmado ao delegado que seu programa possuía cotas de patrocínio que eram vendidas pelos demais membros da equipe esportiva: Washington André, Jânio de Paula, Betinho Publicidades e Débora Castro) e, assim, todo mês emitiam nota fiscal, empenhavam na prefeitura, recebiam a fatura e pagavam a emissora. "Quando o Fernando (Peres, prefeito) entrou (assumiu a prefeitura), o custo do programa (Mundial Esportes, hoje Transamérica Esportes, na Rádio Mundial FM/Transamérica Hits) passou para R$ 3.200,00. O Fernando (Peres, prefeito) topou continuar pagando, como o Humberto (Machado, atual ex-prefeito) fazia" - este teria sido parte das declarações ditas por Rildo Vergínio ao delegado Alessandro Tadeu, ouvida pelo repórter Sérgio Torres e, por este divulgada em seu blog.
Ainda de acordo com Sérgio Torres, Rildo Vergínio teria dito ao delegado que "cada funcionário da rádio tem cotas comerciais para serem vendidas e que cada pagamento à rádio era feito para o Ronaldo Santos (que, na verdade se chama Renaldo Santos, hoje diretor da Mundial FM/Transamérica Hits Jataí). "A gente pegava recibo de tudo.... Era R$ 3.700,00, sendo R$ 3.200,00 mais R$ 500,00, tinha impostos, via nota fiscal... Teve vez que chegou emitir (empenhar) duas notas por mês.... dava R$ 7.400,00. Chegava a mais (R$ 10.000,00). Tinha que pagar a funcionária Débora de Castro. Mas isso ocorreu só umas três ou quatro vezes. Não tinha salário pelo programa...." - escreveu o repórter Sérgio Torres em seu blog sobre o que ele teria ouvido Rildo Vergínio dizer ao delegado Alessandro Tadeu.
A respeito da acusação de emitir mil notas fiscais e recebê-las, Rildo Vergínio teria dito ao delegado, segundo informações do repórter Sérgio Torres, que "desde 2002 emitiu (empenhou) 70 notas no total. A prefeitura tem o sistema de inserções publicitárias. O programa emite e empenha a nota e depois a prefeitura liga avisando que o pagamento saiu" - disse Rildo, segundo informou Sérgio Torres. O repórter disse ainda, em seu blog, que ouviu Rildo Vergínio dizer ao delegado que ele, Rildo, teria mandado confeccionar apenas oito blocos de notas fiscais.
Procurado pela reportagem da Gazeta Eldorado Online para comentar as declarações de Rildo Vergínio ao repórter Sérgio Torres, o vereador Ediglan Maia confirmou que nada tem contra a pessoa do cidadão Rildo Vergínio. "Nada tenho contra a pessoa do senhor Rildo Vergínio, porém ele na condição de servidor público foi maléfico para com o patrimônio público e milhares de reais foram desviados do patrimônio público de Jataí em razão de sua irresponsabilidade" - comentou Ediglan.
O vereador afirmou ter um grande respeito pelo radialista Peterson Bueno, assessor de Comunicação da prefeitura, e negou ter feito solicitado qualquer tipo de interferência entre Rildo e Ediglan. "Nunca solicitei qualquer interferência do senhor Peterson Bueno para interceder nesta situação, pois infelizmente está instalado em Jataí uma crise moral, política e administrativa sem precedentes" - concluiu o vereador.
Sobre a resposta irônica de Rildo Vergínio que teria dito que não sabia o que estava fazendo numa delegacia da Polícia Civil, Ediglan Maia esclarece: "O senhor Rildo Vergínio, quando compareceu à delegacia de polícia para ser qualificado e interrogado em inquérito policial, o foi pelas práticas delituosas cometidas por ele contra o erário público, pois jamais um chefe de departamento do Município poderia preencher notas fiscais, assinar, empenhar e receber para si recursos públicos. A lei impede estes atos ilícitos e foi o motivo da representação junto ao Ministério Público e a Polícia Civil que culminou com o afastamento daquele servidor de suas funções na prefeitura" - finalizou Maia.
Nesta sexta-feira, 23, 10h30min, foi a vez do secretário municipal da Fazenda, Fernando Gomes de Lima, depor na 14ª Regional da Policia Civil em Jataí.
Terry Marcos Dourado
Imagens: Arquivo Eldorado
1) Rildo Vergínio Moreira, chefe da Divisão de Serviços Administrativos da prefeitura de Jataí.
2) Rildo Vergínio e seu advogado não permitiram fotos deles. O jeito foi registrar, em foto, o carro de Rildo em frente à sede da 14ª Regional da Polícia Civil, no momento em que o dono do automóvel estava depondo à polícia. Imagem: Sérgio Torres.
3) Vereador Ediglan Maia (PSDB): "O senhor Rildo Vergínio quando cvompareceu à delegacia de polícia para ser qualificado e interrogado em inquérito policial o foi pelas práticas delituosas por ele cometidas contra o erário público." - Imagem: Amarildo Gonçalves/CMJ
4) Fernando Gomes de Lima, secretário municipal da Fazenda, também terá que dar explicações à Polícia Civil.
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